quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Na Palma da Mão










Abro as mãos; nelas
podes ver
o que quiseres: apenas
o teu rosto
se não quiseres olhar
para as minhas
mãos
ou as rugas, pregas
finas
nos meus dedos,
outros sinais do tempo
que não foi teu.
Abro as mãos; repara
nelas, deita-lhe ao menos
um olhar
agora que uma estrela
rompeu os céus
no céu de Praga
e as minhas mãos já não cantam
nos teus lábios
para sempre rendidos
ao rasto da estrela
e à luz nocturna
do cristal.


António Mega Ferreira (1949)
O Tempo que Nos Cabe

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