Nada começa: tudo continua
Onde 'stamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, fluí a água nua.
Vêm de longe.
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias do tempo e do lugar
É abismo o começo e ausênsia.
Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade.
Precipício de Deus sobre o momento
Na curva do amplo céu o dia esfri,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesm: e verbo o pensamento.
Fernando Pessoa (1888-1935)
Poesia 1918-1930)
Poemário Assírio & Alvim
Onde 'stamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, fluí a água nua.
Vêm de longe.
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias do tempo e do lugar
É abismo o começo e ausênsia.
Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade.
Precipício de Deus sobre o momento
Na curva do amplo céu o dia esfri,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesm: e verbo o pensamento.
Fernando Pessoa (1888-1935)
Poesia 1918-1930)
Poemário Assírio & Alvim
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