domingo, 20 de janeiro de 2008

Por dentro da Democracia












Caro Visitante

Se nas tuas andanças pelo mundo da Blogosfera, tropeçaste neste blog e paraste por um momento, atrevo-me a desafiar-te para um exercício, "por dentro da Democracia"

Proponho-te como ponto de partida este poema de Sandro Penna

FELIZ QUEM é diferente

e é diferente.

Mas aí de quem é diferente
e é igual.
Sim é verdadeiramente difícil sentires que tens "qualquer coisa" de diferente para dizer, para escrever, para fazer e, afinal... ficas parado, calado, em silêncio, remoendo as tuas hesitações, inibições, contradições: talvez não sejas tão diferente e, sim, muito igual.
É uma hipótese de interpretação do poema, mas haverá outras.

Proponho-te uma, seguindo os "seis passos para a construção do Ser Democrático", ou " os seis estádios de crescente dificuldade na construção da Democracia":
1º - Como é difícil reconhecer que o Outro existe, quando a nossa "diferença" afinal é tão "igual"!?
2º - E não é mesmo difícil admitir sequer que o Outro se atreve a ter opinião, ideias, propostas?!

3º - Como é terrivelmente incómodo constatar que o Outro usa a igualdade que lhe reconhecemos para ter ideias melhores que as nossas, propostas mais consistentes, opiniões mais bem fundamentadas, isto é, para ser um igual "diferente"!

Imagina agora, caro visitante, que tens uma arma na mão, pronta a disparar:

4º - És capaz de reconhecer o Outro?

5º - És capaz de reconhecer que deve ser escutado ou lido nas propostas, ideias, opiniões que quer formular?

6º - Reconhece-lo como mais justo, mais sólido, mais... democrático (?)... do que tu?

Achas que este exercício é meramente académico? Ou utópico? Ou ingénuo?

Sabes que o sr. Greenspan (duas décadas como reponsável pela Reserva Federal dos USA) afirmou que a razão fundamental para a invasão do Iraque foi... o petróleo?

Desafio-te a retomares o exercício, com mais estas duas "ajudas":

a. De Tucidides: "Os fortes fazem o que podem; os fracos sofrem o que devem"

b. De Fassbinder: "O direito do mais forte à Liberdade"

A mim esta reflexão suscitou-me uma conclusão que, embora aparentemente pretenciosa, tenho a convicção de que o Filósofo não só me perdoaria o atrevimento, como concordaria com ela:

Penso, Logo Co-Existo

E partirmos para a constução de um "jardim sem sebes em redor", que é o lugar onde mora a Liberdade, no dizer de um poema celta do século IX.


António Moura

1 comentário:

peciscas disse...

Um destes dias publiquei um texto sobre "a diversidade", que creio se pode incluir neste tipo de reflexões.