sábado, 2 de fevereiro de 2008

AS DANÇAS DA NOITE

 Beija-flor Tesoura (Eupetomena macroura) - Swallow-tailed-Hummingbird 25 10-06-07 123 - 9

Um sorriso caiu na relva.
Irrecuperavelmente!

E como irão perder-se
As tuas danças nocturnas. Na matemática ?

Tão puros saltos e espirais -
certamente viajam

Eternamente pelo mundo, não hei-de ficar
Despida de belezas, o dom

Do teu pequeno sopro, o cheiro
A terra molhada, lírios, lírios.

A sua carne não aguenta aproximações
Frios vincos de um ego, o narciso.

E o tigre que se embeleza a si próprio -
Sinais e uma chuva de pétalas de fogo.

Os cometas
Têm um espaço tão grande para atravessar,

Tanta frieza, esquecimento,
Assim se esfumam os teus gestos -

Calorosos e humanos, depois a sua luz rosa
A sangrar e a pelar

Entre a negras amnésias do céu
Porque me dão

Estas luzes, estes planetas
Caindo como bençãos, como línguas de luz

De seis pontas, brancas
Nos meus olhos, lábios, cabelo

Ao tocarem, desfazem-se.
Em lugar nenhum.

 

Sylvia Plath (1932-1963)

in Ariel, edição da Relógio d'Água
(tradução de Maria Fernanda Borges)

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