domingo, 27 de abril de 2008

O papel da Fragata Gago Coutinho no 25 de Abril.

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Ontem dia 25 de Abril, fui comemorar o 25 de Abril, com a guarnição da fragata Almirante Gago Coutinho, frequentemente é esquecida a sua importante participação no 25 de Abril de 1974. Então resolvi prestar a minha homenagem a esses Homens contando aqui os factos ocorridos a bordo do da fragata no dia 25 de Abril de 1974.

Caldeira dos Santos – Capitão-de-Fragata

Ferreira Duarte – Capitão-de-Fragata

Almeida Moura - Capitão-de-Fragata

Alves Gaspar - Capitão-de-Fragata

Teixeira de Melo - Capitão-de-Fragata

Aníbal Teixeira - Capitão-de-Fragata

Hélder Loureiro - Capitão-de-Fragata

Dores Sousa - Capitão-de-Fragata

  • Integrada numa força NATO, a fragata rumava à saída da barra quando foi mandada retroceder, abandonando a formatura e colocando-se em frente ao Terreiro do Paço. Esta ordem veio do Estado-Maior da Armada;
  • O Imediato na asa da ponte de EB informa o Com.te do navio que a posição da Marinha para com o movimento é de neutralidade activa;
  • O Almirante Jaime Lopes dá ordem ao Com.te do navio para abrir fogo sobre os tanques do Exército posicionados no Terreiro do Paço;
  • O Com.te do navio não cumpre a ordem, alegando que estava muita gente no Terreiro do Paço e, também, que vários cacilheiros se encontravam nas proximidades;
  • O Com.te do navio recebe ordens para fazer fogo de salva;
  • O Com. .te do navio dá ordem ao Chefe do Serviço de Artilharia para fazer fogo de salva;
  • O C.S Artilharia recusa-se, chamando a atenção do Com.te do navio para o Imediato que tinha algo a dizer;
  • O Imediato reafirma a intenção dos oficiais se recusarem a abrir fogo mesmo de salva;
  • O Com.te do navio em crescente histeria, exonera do seu cargo o Imediato. Os oficiais a seguir convidados a assumirem o cargo recusaram;
  • Os oficiais mantêm-se disciplinadamente, a cumprir ordens do Com.te, excepto a de abrir fogo;
  • Pelas 13H20 o Com.te reúne-se com os oficiais na câmara. Em cima da mesa coloca uma pasta de arquivo verde, onde se pôde ver inscrita a palavra “Revolução”.
  • Após ter inquirido, um a um, todos os oficiais, começando pelo mais moderno, sobre se mantinham a sua posição de recusa de abrir fogo, o Com.te do navio considerou todos os oficiais insubordinados;
  • No final da reunião, que terminou antes da rendição do Presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, o Com.te do navio realçou explicitamente a necessidade de cada um de nós não se esquecer da posição que tinha assumido, pois ele não se esqueceria.”

Quanto a mim, a coragem e determinação destes Homens que mesmo sabendo que correriam riscos, se recusaram a cumprir uma ordem que teria consequências imprevisíveis para o resultado do 25 de Abril, merece ser lembrada.

Fonte: Texto entre aspas foi transcrito dos Anais do Clube Militar Naval

18 comentários:

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Anamarta, bela Homenagem a toda embarcação da Fragata Almirante Gago Coutinho, pelo seu papel derterminante no 25 de Abril de 1974 !
Beijos

Anónimo disse...

Viva o 25 de Abril do Povo
Viva a Revolução

BJS

Jorge P. Guedes disse...

Merece, sim, Ana Marta!

já conhecia o episódio mas não com tantos detalhes importantes! Obrigado por mos revelar.
A acção desses homens pode até ter sido fundamental, pelo menos, para que não corresse sangue nesta tomada de um regime que deve ser único na história no número reduzidíssimo de casos fatais verificado no final.
Afinal, se o comandante não se esqueceu do que eles fizeram, nós também não, FELIZMENTE!

Bem lembrado!

Um abraço de estima.
Jorge P.G.

LopesCaBlog disse...

Olá Anamarta, bela homenagem :)

Anónimo disse...

Graças a eles a Revolução avançou bem mais depressa... Um acto heróico!
Que Abril permaneça Sempre nos nossos corações. Viva a Liberdade!

A. João Soares disse...

Ana Marta,
Felicito-a por este documento fundamental para se compreender um fenómeno desconhecido por muitos. Ter a responsabilidade de comandar um conjunto de homens com um poder destrutivo como é o caso de uma fragata, dá que meditar e leva-nos ver com muito receio a leviandade com que o Governo que tem nas mãos tantos milhões de vidas, toma as decisões mais disparatadas (que, por vezes, felizmente dão origem a recuos). Mas além da responsabilidade dos comandos, há a posição esclarecida dos subordinados que não quiseram sr coniventes, obedecendo a uma ordem que seria perigosa. Este caso faz pensar nos generais que, muitas vezes não querem desagradar aos políticos, menosprezando os legítimos interesses dos seus homens.
Abraço
A. João Soares

peciscas disse...

Gostei muito de ler este texto.
De facto, sabia por alto, que este navio, que poderia ter assumido um papel trágico naquele dia, foi neutralizado, devido á coragem dos homens que constituiam a quase totalidade da tripulação.
Mas estes pormenores são esclarecedores.

vieira calado disse...

Conhecia a história,
mas só muito por alto.
Obrigado

Beijinhos

Carminda Pinho disse...

Grandes e, homens bons estes.
Lembro-me perfeitamente destes episódios.
Durante dias e dias fiquei desperta para tudo que acontecia.

Com Abril no coração para sempre, deixo-te beijinhos

amigona avó e a neta princesa disse...

Muito obrigada pela partilha! Beijos...

Meg disse...

Anamarta,
Só hoje consegui ter forças para sair para visitar os amigos a quem tanto devo. As forças faltam mas eles merecem. e tu és uma delas.
Quanto qo episódio que contas, sim, tinha conhecimento, deves ser muito jovem, porque episódios de puro heroísmo verificaram-se nos mais variados contextos. Infelizmente não se fala deles.
Eu pertenço à geração que fez três comissões de serviço e desse tempo sobram-me os nomes dos que partiram porque não dobraram.
Mas hoje francamente só vinha dar-te um abraço e dizer-te o porquê da minha ausência.

Um abraço

Carla disse...

concordo plenamente contigo e que bela lição de história que nos destes
beijos

Carla disse...

concordo plenamente contigo e que bela lição de história que nos destes
beijos

Anónimo disse...

Tenho andado para comentar o seu post,mas tenho-o adiado, hoje vou comentar.Sou um leitor assiduo do seu blogue.Antigo marinheiro,não envolvido no 25 de Abril de 1974,por já não pertencer aos quadros da marinha nessa data. Mas considero-me um defensor da democracia e da verdade.
Publicou no seu blogue, a acção do NRP GAGO COUTINHO F473, no dia 25 de Abril de 1974, pelas palavras do seu ex. Oficial Imediato.
Porque não saber todos os factos, e ler os factos contados pela guarnição e pelo seu Comandante, dai tirará ilações sobre a verdade, e é isso que se pretende a verdade. Felecidades para a continuação do blogue.

Da Guarnição.
http://www.1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=Espolio92

Do Comandante
http://www.1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=analiseDepoimento01

Do Oficial Imediato não envio, em virtude de já o possuir.

Com cumprimentos
António Moleiro

Marques Correia disse...

Caríssima,

o sr António Moleiro faz uma sugestão que era bom que seguisse. A"verdade" que conta limita-se a divulgar a estória contada por Caldeira Santos, então imediato da Gago Coutinho. O seu depoimento (depositado no Centro de Documentação 25 de Abril, Coimbra) não refere um único apoio documental, limita-se a debitar a estória que o coloca numa posição de quase herói.
O depoimento do Comandante da embarcação arrasa de forma absolutamente implacável a versão do seu antigo imediato, baseando-se em dezenas de depoimentos da tripulação, inclindo o de Caldeira Santos aquando das averiguações efectuadas a seguir ao 25 de Abril.
Mas, que se há de fazer? Caldeira Santos está do lado dos vencedores; o cmdt Louçã, do lado dos vencidos.
E já dizia Átila: Ai dos vencidos!

Unknown disse...

Olá,

Andava eu aqui no google à procura de algo sobre a fragata Gago Coutinho, quando me deparo com o seu texto.
Até aqui há bem poucos anos também eu ía aos almoços da guarnição dessa fragata pois o meu pai estava na fragata aquando do 25 de Abril.
É bom saber a verdade contada por quem lá esteve.

Cmps

Cristina Teixeira

Anónimo disse...

Esta descrição está correcta mas sómente em parte.Passaram-se outros acontecimentos a bordo que são aqui omitidos e que foram fulcrais para o êxito da Revolução.
Tinha na altura 20 anos e como 1º Marinheiro pertenci á Guarnição da F 473 Gago Coutinho.
Posso dizer que o poder de fogo desse navio era extraordinário, e se as peças de artilharia fossem disparadas nessa altura, o Terreiro do Paço hoje não teria o mesmo aspecto. Seria arrasado pura e simplesmente.
Quanto á artilharia do exército situada no Cristo Rei, também não tinha hipótese, pois estava sob mira, e um navio em movimento não é um alvo fácil de atingir.
Só não houve ataque porque a guarnição "incógnita" não o permitiu. Não basta os oficiais darem ordens. Quem dispara as peças são os marinheiros artilheiros, e esses nunca o fariam, fosse qual fosse a decisão.

Hoje duvido que hajam marinheiros com a mesma tempera.
Viva a Marinha, Viva Portugal.

Anónimo disse...

HOJE DIA 25 DE ABRIL DE 2014, OUVI A QUE, PELAS VÁRIAS LEITURAS QUE FIZ A VERDADE SOBRE OS ACONTECIMENTOS NA NRP GAGO COUTINHO, NESSE DIA, TINHA OUTRA VERSÃO. OBRIGADO S RE COMANDANTE, FERNANDO DOS SANTOS, POR REPOR A VERDADE. EU TAMBÉM SERVI A MARINHA, ESTAVA NA NRP C.TE JOÃO BELO, NESSE NOITE A CHEGAR A ANGOLA. FIZEMOS UMA GREVE EM ANGOLA PARA POR FORA O IMEDIATO. PENA A MARINHA SER SERVIDA POR GENTE MENOR. EX MAR N 1835\71 TFD MARTINS. OBRIGADO A MARINHA POR ME AJUDAR A FORMAR COMO HOMEM.