Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
Sophia Mello Breyner
5 comentários:
Anamarta
Passei por aqui, mas hoje nem sequer estou com "veia"para ler poesia...vou ficar mais um bocadinho a ler coisas lá mais para baixo.
Beijinhos
A vida terá nascido no mar. Por isso, talvez, este apelo íntimo que nos atrai para a magia das ondas e para o infinito azul das águas.
Amiga
Somos mesmo um povo à beira-mar plantado...não acredito que exista algum Português que não sinta uma certa afinidade com o mar!
O meu Avô materno foi marinheiro, perdeu uma perna, segundo ele contra uma onda, eu moro junto ao mar, mas só olho para ele realmente quando preciso de uma resposta e o que ouço nessa altura é sempre o mesmo..."o que largas, regressa algures..."
Beijinhos
Ana,
o mar que sempre nos fascinou, ou não fossemos um País de marinheiros, e continua a fascinar. Nas palavras de Sophia ainda consegue ficar mais belo.
Beijos
Lindíssimo!
Vou ficar por aqui...
Enviar um comentário