terça-feira, 2 de novembro de 2010

Soneto quase inédito

Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!!

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'José Régio e o seu burro' - por Hermínio Felizardo

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.


Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,


Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.



JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.

2 comentários:

fj disse...

41 anos depois, infelizmente está mais que actualizado...
bjinhos

Isamar disse...

A História, infelizmente, repete-se e neste poema constatamos isso mesmo. E temos de caminhar neste corredor de bruma esperando que algum Sebastião nos salve um dia destes.

Beijinhos, Ana!

Bem-hajas!