Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.
Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.
David Mourão-Ferreira
1 comentário:
Um poema do meu querido Professor David Mourão-Ferreira que me traz à memória tempos muito tristes em que os jovens, agrilhoados pela censura não podiam usar a liberdade de expressão sem que fossem parar às masmorras da Pide onde tinham por companhia o mar e o vento.
Sempre muito bem escolhido o tema que nos trazes.
Bem-hajas!
Beijinhos
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