domingo, 13 de janeiro de 2008

Lembro-me, Lembro-me











Lembro-me, lembro-me
Da casa onde nasi,
Da pequena janela por onde o sol
Vinha espreitar pela manhã;
Nunca chegava um piscar de olhos demasiado cedo,
Nem trazia um dia demasiado longo,
Mas agora muitas vezes desejo que a noite
Me tivesse levado a respiração!

Lembro-me, lembro-me
Das rosas vermelhas e brancas,
Das voletas e dos lírios,
Daquelas flores feitas de luz!
Dos lilases onde o tordo fazia ninho,
E onde o meu irmão plantou
O laburno no dia do seu aniversário,-
A árvore ainda está viva!

Lembro-me, lembro-me
De onde costumava correr
E pensar que o ar devia ser também assim fresco
Nas asas das andorinhas;
O meu espírito, que então voava em enas,
Que está agora tão pesado,
E os lagos do Verão mal podiam refrescar
A febre da minha testa!

Lembro-me, lembro-me
Dos abetos negros e altos;
Costumava pensar que as suas copas esguias
Estavam perto, em comparação com o céu:
Era uma ignorância infantil
Mas agora ão é grande alegria
Saber que estou mais longe do céu
Do que quando era menino.


Thomas Hood (1799-1845)
Trd: Cecília Rego Pinheiro
in:Rosa do Mundo

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