domingo, 13 de janeiro de 2008

Último Soneto









Que rosas fugitivas foste ali!
Requeriam-te os tapetes - e vieste...
-Se me dói hoje o bem que fizeste,
É justo, porque muito te devi.

Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste!
Como fui de percal quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi...

Pensei que fosse o meu o teu cansaço-
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava...

E fugiste... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava?...

Mário de Sá-Carneiro (190-1916)
in: Rosa do Mundo

1 comentário:

Alda Inácio disse...

Olá Anamarta, vim retribuir a visita e com muito prazer ler seu blog inteiro (pretenciosa eu!) mas vou ler o que der e deixar um abraço, muito prazer, e dizer que adoro poesias e esta de Mário de Sá Carneiro é (huuuuum!) deliciosa!
Fica com Deus menina e até outra vez. (vontade de ficar por aqui ! )
volto, volto!
Bjs
Alda Inacio