Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexe-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa
3 comentários:
É sempre com grande prazer que leio Fernando Pessoa.
Obrigada, Ana.
Beijos
Este tão melancólico como profundo poema, revela-nos bastante sobre a personalidade de Pessoa. Alguém que, provavelmente, não gostou muito da vida que teve.
É tão calmo passear-me por aqui, nesta hora de quase silêncio...
E como não fazer dos sonhos a nossa vida? Podemos viver sem o sonho?
Beijo
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