terça-feira, 30 de junho de 2009

Contemplo o lago mudo


Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexe-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

Fernando Pessoa

3 comentários:

Carminda Pinho disse...

É sempre com grande prazer que leio Fernando Pessoa.
Obrigada, Ana.

Beijos

peciscas disse...

Este tão melancólico como profundo poema, revela-nos bastante sobre a personalidade de Pessoa. Alguém que, provavelmente, não gostou muito da vida que teve.

Maria disse...

É tão calmo passear-me por aqui, nesta hora de quase silêncio...
E como não fazer dos sonhos a nossa vida? Podemos viver sem o sonho?

Beijo