– Liberdade, que estais no céu…
Rezava o padre nosso que sabia
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
– Liberdade, que estais na terra…
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
– Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga
Imagem: http://images.google.pt/
8 comentários:
Nessa religião me revejo.
Santificada e permanente seja a liberdade.
Amén!
Torga nunca se deixou vergar pela ditadura.Não deixemos nós que alguma vez a censura volte a calar-nos.
Gritemos bem alto pela Liberdade que Abril nos legou.
Bem-hajas!
Beijinhos
Cada vez mais actual, mais necessário.
Um abraço e bom fim de semana
Obrigado pela visita e comentário a propósito do 5º. anioversário do Nothingandall. E venho logo aqui encontrar a poesia de Miguel Torga! Torga, Eugénio de Andrade e Pessoa, os três meus autores favoritos... Um bom fim de semana com flores, sorrisos e ...poesia!
Anamarta,
Finalmente de volta ao convívio dos amigos, passado que foi o pico do Verão, eis que me encontro com Miguel Torga, poeta da minha ternura.
Para ele já não tenho mais palavras... ele dispensa-as.
Um beijo para ti
Nem de propósito... ouvi este poema hoje de manhã e ia (já não vou) procurá-lo (porque o encontrei aqui).
E vinha eu dizer-te que sei que estiveste na Festa, quem sabe se para o ano não nos encontramos, mesmo...
Um beijo
(e vou levar Torga comigo)
Olá, belo poema...Espectacular....
Beijos
Muito bem escolhido
à aproximação do 25 de Abril.
Beijinho
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