domingo, 17 de maio de 2009

Hora

caminho para o mar 

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia Mello Breyner

7 comentários:

alcinda leal disse...

Gosto muito da poesia de Sophia!
E também gostei da imagem que escolheu!
Boa semana
Alcinda

Elvira Carvalho disse...

Sophia e o mar... Um casamento que durou até ao seu último poema.
A imagem é linda.
Um abraço

peciscas disse...

Com a Sophia embarcamos sempre para a grande aventura das emoções e do encantamento.

Meg disse...

Anamarta,

Há quem diga que não vale a pena publicar os nossos poetas... que para isso existem os livros.
Pois estou em completo desacordo, acho que todos os nossos autores devem circular pelos blogs.
E Sophia por todas as razões.
Por isso te felicito por trazeres aqui este poema que eu até desconhecia.
Segue em frente, Anamarta.

Um abraço

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá Ana Marta, bela poesia...Espectacular....
Beijos

O Profeta disse...

Quero ser barco que foge ao farol
Quero que o vento dance nos brandais
Quero ser viagem de rumo incerto
Quero ser a descoberta na procura do mais

Da próxima vez
Quero ser estrela-do-mar
Um golfinho de chapéu de coco
Um búzio com o som do chamar


Uma boa semana


Mágico beijo

Maria disse...

Este casamento é eterno... Sophia e o mar, o mar e Sophia... fatalmente caminha para ele...
Excelente!

Um beijo