quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Canto para um povo triste

reconquistar o meu nada vazio

canto o povo triste
de quem sou
louco em cantar
para esquecer
os sonhos tidos
na manhã da vida
sol de madrugada
livre no morrer

canto a heroicidade
conformada
de quem chorando
se atreve a cantar
barco perdido
na prisão das ondas
as velas rasgadas
o leme a quebrar

canto a solidão
a ocidente
ligada à terra
que nos viu nascer
a covardia
feita de orações
na doce esperança
de poder morrer

canto o desespero
fatalista
de quem sofrendo
se deixa ficar
olhos cansados
enxada na mão
trabalhando a terra
que lhe vão roubar

canto o meu poema
de revolta
ao povo morto
que não quer gritar
que já são horas para ser feliz
que é chegado o dia do medo acabar.

Vieira da Silva

11 comentários:

lagartinha disse...

Dsculpa amiga, não li ainda o texto...fiquei-me pela fotografia...espectacular!!!Já volto cá daqui a pouco para ler, que agora não me apetece.
Beijinhos e vivó SPOOOORTING!
Jocas

lagartinha disse...

Ó miga por onde andas?
Hoje lembrei-me de ti, porque estive a ouvir uma entrevista com o Camané.
Prometi vir ler o poema e amiga, continuo a achar que os poemas são gritos de quem sofre.
O povo não está morto, só não quer mesmo é gritar...acha que não vale a pena ou pura e simplesmente está-se a borrifar! Desde que chegue para a comida e para a renda da casa, do mal o menos...
Bejocas

Maria disse...

Uma única palavra: LINDO!
saudade de passar por aqui...

Abraço

Carminda Pinho disse...

É preciso que alguém copntinue a cantar...
Muito bonito.

Bjs

samuel disse...

Belíssima escolha!
Gosto muito do Vieira da Silva...

Abreijos.

Isamar disse...

Excelentes escolhas. Como sempre. Poema e imagem em simbiose perfeita.

Beijinhos

Bem-hajas!

fj disse...

há ja algum tempo q não passava por aqui...belo poema!!bela musica!
beijinhos

Meg disse...

Anamarta,
Agosto passado, estou de volta aos amigos... apanhei-te na Maria do Cheiro...
Lindíssimo o poema que não conhecia, com Camané ao fundo...
Perfeito.

Um beijo

lagartinha disse...

Alô Alô
Vim só largar uma beijoca
Inté...

peciscas disse...

Ainda espero que o meu povo renasça e grite mais alto do que aqueles que o querem manter conzento e infeliz.

Mare Liberum disse...

Passei para reler o poema e olhar a imagem. Um povo triste, algemado, amordaçado que não deixará adormecer-se enquanto soubermos transmitir aos nossos filhos quanto vale a Liberdade.

Beijinhos

Bem-hajas!