domingo, 30 de março de 2008

Exílio

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Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades

Sophia de Mello Breyner Andresen

Fotografia: Net

sexta-feira, 28 de março de 2008

Dez réis de esperança

just one life
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.

Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.

Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,

Aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,

Não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,

Essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,

Se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

 

António Gedeão

Fotografia: www.paulocesar.eu - paulo cesar

Clementina Moura

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Para verem alguns dos quadros  desta Pintora, visitem o site:http://www.albagallery.net/InternetArtFair2008/Artisti/Almeida_De_Moura_Clementina/Almeida.htm

terça-feira, 25 de março de 2008

APELO A SANTO ANTÓNIO

 

Ó meu rico Santo António
Meu santinho Milagreiro
Vê se levas o Zé Sócrates
P'ra junto do Sá Carneiro

Se puderes faz um esforço
Porque o caminho é penoso
Aproveita a viagem
E leva o Durão Barroso

Para que tudo corra bem
E porque a viagem entristece
Faz uma limpeza geral
E leva também o PS

Para que não fiquem a rir-se
Os senhores do PSD
Mete-os no mesmo carro
Juntamente com os do PCP

Porque a viagem é cara
E é preciso cultivar as hortas
Para rentabilizar o percurso
Não deixes cá o Paulo Portas

Para ficar tudo limpo
E purificar bem a coisa
Arranja um cantinho
E leva o Jerónimo de Sousa

Como estamos em democracia
Embora não pareça às vezes
Aproveita o transporte
E leva também o Menezes

Se puderes faz esse jeito
Em Maio, mês da maçã
A temperatura está a preceito
Não te esqueças do Louça

Todos eles são matreiros
E vivem à base de golpes
Faz lá mais um favorzinho
E leva o Santana Lopes

Isto chegou a tal ponto
E vão as coisas tão mal
Que só varrendo esta gente
Se salvará Portugal


( Até ver... autor desconhecido)

Fotografia: Aqui

segunda-feira, 24 de março de 2008

Alentejo

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Quem cantar o Alentejo
Tem-no já dentro da alma,
Que a tristeza não se inventa,
É como a fúria e a calma.

Loiras terras da planície
rasas na onda e na cor,
Quem cantar o Alentejo
Ou lhe tem ódio ou amor.

Sol a pino, mágoa roxa
Nos poentes. E o verde? e os pinhais?
Ai terras do Alentejo
De vós fogem meus olhos vegetais.

Gente triste, gestos moles,
de vós fujo, solidão,
Mas os ventos que me levam
Aqui deixam esta canção.

 

Fernando Namora

Fotografia: Minha

As palavras

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São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

Fotografia: Cynthia Jean

quarta-feira, 19 de março de 2008

Poema Enjoadinho

 

Filhos…Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como o queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete…
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filho? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los…
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

(Antologia Poética) de Vinícios de Moraes

Fotografia: Rarindra Prakarsa

terça-feira, 18 de março de 2008

A Máquina Fotográfica

Never mind


É na câmara escura dos teus olhos

que se revela a água

água imagem

água nítida e fixa

água paisagem

boca nariz cabelos e cintura

terra sem nome

rosto sem figura

água móvel nos rios

parada nos retratos

água escorrida e pura

água viagem trânsito hiato.

Chego de longe. Venho em férias. Estou cansado.

Já suei o suor de oito séculos de mar

o tempo de onze meses de ordenado;

por isso, meu amor, viajo a nado

não por ser português mal empregado

mas por sofrer dos pés

e estar desidratado.

Chego. Mudo de fato. Calço a idade

que melhor quadra à minha solidão

e saio a procurar-te na cidade

contrastada violenta negativa

tu única sombra murmurada

única rua mal iluminada

única imagem desfocada e viva.

Moras aonde eu sei.

É na distância

onde chego de táxi.

Sou turista

com trinta e seis hipóteses no rolo;

venho ao teu miradoiro ver a vista

trago a minha tristeza a tiracolo.

Enquadro-te regulo-te disparo-te

revelo-te retoco-te repito-te

compro um frasco de tédio e um aparo

nas tuas costas ponho uma estampilha

e escrevo aos meus amigos que estão longe

charmant pays

the sun is shining

love.

Emendo-te  rasuro-te  preencho-te

assino-te  destino-te  comando-te

és o lugar concreto onde procuro

a noite de passagem  o abrigo seguro

a hora de acordar que se diz ao porteiro

o tempo que não segue  o tempo em que não duro

senão um dia inteiro.

Invento-te  desbravo-te  desvendo-te

surges letra por letra, película sonora,

do sendo à vogal  do tema à consoante

sem presença no espaço  sem diferença na hora.

És a rota da Índia  o sarcasmo do vento

a cãibra do gajeiro  o erro do sextante

o acaso  a maré  o mapa a descoberta

dum novo continente itinerante.

 

José Carlos Ary dos Santos

Obra Poética

domingo, 16 de março de 2008

LISBOA

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Cidade branca

semeada

de pedras

Cidade azul

semeada

de céu

Cidade negra

como um beco

Cidade desabitada

como um armazém

Cidade lilás

semeada

de jacarandás

Cidade dourada

semeada

de igrejas

Cidade prateada

semeada

de Tejo

Cidade que se degrada

cidade que acaba

 

Adília Lopes, POEMAS NOVOS, Edições & etc,

sexta-feira, 14 de março de 2008

LIBERDADE

 Ex libris

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada.
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por Dom Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca....

Fernando Pessoa, Obra Poética

Fotografia: Jacqueline Roberts

quarta-feira, 12 de março de 2008

Adivinha

O grande poeta Bocage mais actual que nunca!

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Baixa, de olhos ruins, amarelenta,

Usando só de raiva e de impostura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Um mar de fel, malvada e quezilenta;

Arzinho confrangido que atormenta,

Sempre infeliz e de má catadura,

Mui perto de perder a compostura,

É cruel, mentirosa e rabugenta.

Rosto fechado, o gesto de fuinha,

Voz de lamento e ar de coitadinha,

Com pinta de raposa assustadinha,

É só veneno, a ditadorazinha.

Se não sabes quem é, dou-te uma pista:

Prepotente, mui gélida e sinistra, 

Amarga, matreira e intriguista,

Abusa do poder... e é MINISTRA.

QUEM É?

Bocage

PASTORAL

 

  Não há, não,

  duas folhas iguais em toda a criação.

   Ou nervura a menos, ou célula a mais,

   não há de certeza, duas folhas iguais.

    Limbo todas têm,

    que é próprio das folhas;

    pecíolo algumas;

    bainha nem todas.

    Umas são fendidas,

    crenadas, lobadas,

    inteiras, partidas,

    singelas, dobradas,

    Outras acerosas,

    redondas, agudas,

    macias, viscosas,

    fibrosas, carnudas.

    Nas formas presentes,

    nos actos distantes,

    mesmo semelhantes

    são sempre diferentes.

    Umas vão e caem no charco cinzento,

    e lançam apelos nas ondas que fazem;

    outras vão e jazem

    sem mais movimento.

    Mas outras não jazem,

    nem caem, nem gritam,

    apenas volitam

    nas dobras do vento.

   É dessas que eu sou ...

 

    MIGUEL TORGA

Fotografia: Gianluca Moret

terça-feira, 11 de março de 2008

E AMANHÃ COMO SERÁ ????

















Ontem, como hoje …

"O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caráteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

(Escrito em 1871, por Eça de Queirós, no primeiro número d'As Farpas)

segunda-feira, 10 de março de 2008

Meu Amor

 Sky Life

Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.

Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:

O nosso amor é sangue. É seiva. E sol. E primavera.
Amor intenso. Amor imenso. Amor instante.
O nosso amor é uma arma. E uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.

O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa,
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.

Deixa-me soltar estas palavras amarradas
Para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade.

Joaquim Pessoa

Fotografia: Mujahid Awais

sábado, 8 de março de 2008

FORAM MUITOS MUITOS MIL (I)

Não foram só 80 mil como referi no Post  anterior, Foram cerca de 100 mil os professores que se manifestaram hoje nas ruas de Lisboa! contra as políticas da educação deste governo.

FORAM MUITOS MUITOS MIL...

 

Mais de 80 mil professores na rua

Mais de 80 mil professores estão a participar  na "Marcha da Indignação", segundo números da PSP, entretanto divulgados por sindicalistas nas ruas da baixa de Lisboa. Este número significa que mais de metade desta classe profissional,  estimada em 143 mil, está hoje a participar neste protesto contra as políticas  educativas do Governo.

Lusa

Publicação: 08-03-2008 14:54  

Dia Internacional da Mulher

 

MULHERES

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se contra a injustiça.
Elas não aceitam um "não" como resposta

quando acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem sapatos para
que as suas crianças possam tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando as suas crianças adoecem
e alegram-se quando elas ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre

um aniversário ou um novo casamento.

 

Pablo Neruda

Pintura: C. Moura

sexta-feira, 7 de março de 2008

Poema do lavrador de palavras aos políticos

Iluminatio / Scriptorium IV

não me perguntem coisas daquelas que eu não creia
não me perguntem coisas daquelas que não sei
remeto para os senhores as decisões do mundo
tais como governar, fazer decretos lei

no meio da tempestade no meio das sapiências
se poeta nasci, poeta morrerei
nem homem de gravata nem homem de ciências
apenas de mim próprio, e pouco, serei rei

das decisões do mundo lerei o que entender
que dentro de mim mesmo às vezes nasce um rio
e é esse desafio que nunca hei-de esquecer
e é essa a diferença que faz o meu feitio

mas digam por favor de onde nasce o sol
que eu basta-me o calor - para lá me voltarei
e saibam já agora que se eu lavrar a terra
me bastará que chova que o resto eu o farei
e digam por favor se o céu inda nos cobre
e bastará o azul
que em ave me tornei

mantenham com cuidado as árvores e estradas
pr'a gente poder ver, p'ra gente circular
que eu basta-me saúde e o sonho tão distante
e a boca perturbante que tu me sabes dar

e a festa de viver e o gozo e a paisagem
desta curva do Tejo, soprando a brisa leve
e na tranquilidade assim desta viagem
parar-se o tempo aqui, eterno, fresco e breve

que eu voo por toda a parte mas noutro horizonte
e vivo as coisas simples e rio-me da ambição
e ao fim de tanto ver, escolherei um monte
de onde assistirei, sorrindo, ao vosso enfarte

da ânsia de possuir, da ânsia de mostrar,
da ânsia da importância, da ânsia de mandar

e digam por favor de onde nasce o sol
que eu basta-me o calor - para lá me voltarei
e saibam já agora que se eu lavrar a terra
me bastará que chova que o resto eu o farei
e digam por favor se o céu inda nos cobre
e bastará o azul
que em ave me tornei

 

(letra e música de Pedro Barroso in CD "Critica-mente", 1999)

 

Fotografia: Mikel Arrizabalaga

quinta-feira, 6 de março de 2008

Sempre de Mim

 C. Mosteiro dos Jerónimos3

 

O novo álbum de Camané vai chamar-se «Sempre de Mim». O disco é apresentado a 4 de Abril no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.

ABANDONO

Por teu livre pensamento

Foram-te longe encerrar

Tão longe que o meu lamento

Não te consegue alcançar

E apenas ouves o vento

E apenas ouves o mar.

Levaram-te a meio da noite

A treva tudo cobria

Foi de noite, numa noite

De todas a mais sombria

Foi de noite, foi de noite

E nunca mais se fez dia.

Ai dessa noite o veneno

Persiste em me envenenar

Oiço apenas o silêncio

Que ficou no teu lugar

Ao menos ouves o vento!

Ao menos ouves o mar!

 

DAVID MOURÃO FERREIRA

terça-feira, 4 de março de 2008

Este Pais não é para Velhos ...!

Há Futuro?

Peço, que V. Exas. sejam breves nas represálias que pretenderem exercer sobre mim.
É que vou a caminho dos 74 anos; já fui operado 17 vezes; já nada cá ando a fazer; já não tenho quem dependa de mim; já nada me importa em termos de futuro e, se demorarem muito tempo, já não lhes darei o prazer de me verem espernear de raiva, de dor, de sofrimento e de arrependimento por ter ajudado à possibilidade de V. Exas. me enxovalharem como têm feito.

Imagem original do We Have Kaos in the Garden

URGENTEMENTE

 Untitled

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
Ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.

É urgente inventar a alegria,
Multiplicar as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.

Eugénio de Andrade, Antologia Breve

Fotografia: Carol Commins

domingo, 2 de março de 2008

LETRA PARA UM HINO

 

É possível falar sem um nó na garganta.

É possível amar sem que venham proibir.

É possível correr sem que seja a fugir.

Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão.

É possível viver sem que seja de rastos.

Os teus olhos nasceram para olhar os astros.

Se te apetece dizer não, grita comigo: não!

É possível viver de outro modo.

É possível transformar em arma a tua mão.

É possível viver o amor. É possível o pão.

É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.

É possível viver sem fingir que se vive.

É possível ser homem.

É possível ser livre, livre, livre.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas
Fotografia: Aqui

sábado, 1 de março de 2008

UM POEMA

                            poema.jpg poema image by vanessa81372

Não tenhas medo, ouve:

É um poema

Um misto de oração e de feitiço...

Sem qualquer compromisso,

Ouve-o atentamente,

De coração lavado.

Poderás decorá-lo

E rezá-lo

Ao deitar

Ao levantar,

Ou nas restantes horas de tristeza.

Na segura certeza

De que mal não te faz.

E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga, Diário XIII

Fotografia: vanessa81372